As demandas consolidadas irão compor um documento específico dos subprogramas do REDD+ que contemplam ainda agricultores familiares e as comunidades tradicionais e quilombolas.
Por: Fabia Lázaro/Governo do Tocantins. | Publicado em: 23/05/2025

O Governo do Tocantins, por meio da Secretaria do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e da Secretaria dos Povos Originários e
Tradicionais (Sepot), promoveu nesta quinta-feira, 22, uma reunião no
território Xerente, em Tocantínia, para consolidação das demandas apresentadas
pelo povo Xerente durante as cinco Oficinas Participativas do REDD+ (Redução
das Emissões de Gases de Efeito Estufa por Desmatamento e Degradação
Florestal), realizadas dentro do território indígena.
Em um dia intenso de atividades, o evento foi realizado no
Centro de Ensino Médio Indígena Xerente (Cemix). Estiveram presentes nas
discussões a chefe do Serviço de Gestão Territorial e Ambiental da Funai –
Coordenação Regional Araguaia-Tocantins, Clarisse Marina dos Anjos Raposo; o
indigenista da Funai, Luiz Eduardo Lian Biagioni; e o representante indígena
junto ao órgão, Oscar Skwakarkwa Calixto Xerente.
Também participaram o secretário dos Povos Originários e
Tradicionais, Paulo Xerente; os vereadores de Tocantínia, Edmar Xerente, Leomar
Xerente e Élcio Xerente; além do secretário de Desenvolvimento dos Povos
Indígenas de Tocantínia, Reginaldo Xerente.
A abertura do evento foi marcada por depoimentos emocionados
de anciãos indígenas, que expressaram preocupação com os impactos das mudanças
climáticas no cotidiano do povo Xerente. “Antigamente a gente caçava e hoje em
dia é raro pegar um peixe”, relatou o cacique Manuel Sukê, manifestando a
esperança de que o REDD+ traga resultados positivos para sua comunidade.
Essa preocupação foi reforçada pelo secretário Paulo
Xerente, que conclamou os indígenas a se organizarem em associações e a se
unirem, destacando a importância do momento em que o Brasil se prepara para
sediar a COP 30, em Belém (PA). “A primeira coisa que precisamos é ter nossa
organização fortalecida”, afirmou.
Subprograma
As contribuições colhidas durante as oficinas foram
consolidadas em um documento que integrará o subprograma do REDD+, voltado para
povos indígenas, comunidades tradicionais, quilombolas e agricultores
familiares. “Este processo não se encerra aqui. Até a realização da audiência
pública, ainda podemos aperfeiçoar este documento”, explicou a assessora
técnica do REDD+, Rose Sena.
Entre as principais demandas destacadas pelos indígenas
estão: fortalecimento das organizações indígenas, formação de novas lideranças,
proteção do território, combate às queimadas, melhoria da infraestrutura nas
aldeias — como escolas, postos de saúde, creches, acesso à internet — e apoio à
produção local. “São consolidações que nascem da vivência dos problemas que
sentimos na pele”, afirmou a professora do Cemix, Edite Smikidi de Brito.
“Este processo foi importante para todos nós, não só para
mim como pesquisador, mas para todo o nosso povo. Espero que essa forma de
socialização continue, não só no REDD+, mas em outros projetos também”,
declarou o professor e doutor em Antropologia Social, Ercivaldo Damsõkekwa
Xerente.
Território Xerente
O povo Xerente é o mais numeroso do estado, vivendo nas
Terras Indígenas Xerente e Funil, com uma população de cerca de 4 mil pessoas
distribuídas em 118 aldeias, segundo o Censo IBGE 2022.
A coordenadora regional da Funai destacou o alto nível de
participação das comunidades nas oficinas. “As comunidades estiveram totalmente
envolvidas e empenhadas. Agora, será necessário encontrar formas de manter a
comunicação entre o momento das oficinas e a audiência pública, para que
dúvidas possam ser esclarecidas até lá”, pontuou.
As oficinas fazem parte do processo de Consulta Livre,
Prévia e Informada (CLPI), garantindo que os participantes compreendam os
objetivos do REDD+ e contribuam na definição de como os recursos provenientes
da comercialização dos créditos de carbono serão aplicados nos territórios.
Na ocasião, os Xerente aprovaram a indicação da Articulação
dos Povos Indígenas do Tocantins (Arpit) como entidade representativa nas
instâncias de governança do Conselho Diretor do Fundo Clima e na Comissão
Estadual de Validação e Acompanhamento (Cevat).
Oficinas
As oficinas participativas foram realizadas nas aldeias
Brupré, Brejo Comprido (16 e 17 deste mês), e na sequência, Recanto Krité,
Funil e no Cemix (19, 20 e 21), reunindo caciques, lideranças, professores e
membros das comunidades. Durante os encontros, os indígenas puderam conhecer o
funcionamento do Programa Jurisdicional de REDD+ e sua participação no
Subprograma destinado a Povos Indígenas, Povos e Comunidades Tradicionais e
Agricultores Familiares (PIPCTAF).
Fonte: Fábia Lázaro/Governodo Tocantins