Contribuições colhidas durante as oficinas participativas serão consolidadas em reunião marcada para esta quinta-feira, 22, com as lideranças no Centro de Ensino Médio Indígena Xerente Warã.
Por: Fábia Lázaro/Governodo Tocantins | Publicado em: 21/05/2025

As Oficinas Participativas do Programa Jurisdicional do
REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) chegaram
ao território Xerente, município de Tocantínia, localizado a cerca de 70 km, ao
norte de Palmas, com a realização de seis encontros voltados à garantia da
Consulta Livre, Prévia e Informada (CLPI) junto à comunidade indígena. Os
eventos contam com a presença de representantes da Fundação Nacional dos Povos
Indígenas (Funai).
No último fim de semana (16 e 17), as oficinas foram
realizadas nas aldeias Brupré e Brejo Comprido, reunindo caciques, lideranças
indígenas, professores e a comunidade em geral. A partir de segunda-feira, 19,
os encontros foram realizados nas aldeias Recanto Krité, Funil e no Centro de
Ensino Médio Indígena Xerente Warã (Cemix). As contribuições colhidas durante
os encontros serão consolidadas em reunião marcada para esta quinta-feira, 22,
com as lideranças no Cemix.
Para o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos,
Marcello Lelis, O povo Xerente tem um papel fundamental na preservação do
Cerrado e, agora, também na construção de um modelo de desenvolvimento
sustentável.
“Proteger o meio ambiente passa, obrigatoriamente, por ouvir
e respeitar quem cuida da floresta há gerações. O REDD+ é mais do que uma
política ambiental — é uma ponte de diálogo e cooperação. E o Governo do
Tocantins está comprometido com esse processo de escuta, garantindo que as
ações construídas aqui sejam efetivas” afirmou .
Oficinas
Na Aldeia Brupré, a oficina foi realizada na escola local e
contou com ampla participação de representantes de 19 aldeias da região.
Durante dois dias, técnicos do programa discutiram com a comunidade temas como
a importância da redução das emissões de gases de efeito estufa, o combate às
queimadas e à degradação florestal.
Com cerca de 200 participantes, entre crianças, jovens,
adultos e anciãos, os indígenas puderam compreender o funcionamento do Programa
Jurisdicional de REDD+ e a participação dos povos indígenas no Subprograma
destinado a Povos Indígenas, Povos e Comunidades Tradicionais e Agricultores
Familiares (PIPCTAF).
Anfitrião do evento, o cacique Elias Srewe Xerente destacou
o empenho da comunidade para sediar a oficina e reforçou a expectativa de que o
REDD+ contribua com o fortalecimento do povo Xerente.
“Fiquei muito feliz com a organização do evento. Nada foi
impossível e tudo foi muito bem conduzido. Esperamos que o REDD+ evolua e
atenda às necessidades da nossa população”, afirmou.
Já na Aldeia Brejo Comprido, a oficina também foi marcada
por intensos debates e contou com a participação de lideranças das aldeias da
região. Ao se pronunciar, o cacique José Walter Sanha Calixto Xerente enfatizou
a importância da união em torno do programa. “Todo projeto nós temos que
abraçar, e o REDD+ é um deles. Eu quero, nós temos que querer”,
conclamou.
Fortalecimento
Autodenominados Akwe, os Xerente vivem nas Terras Indígenas
Xerente e Funil, que abrigam em torno de 4 mil pessoas (Censo IBGE 2022),
município de Tocantínia, distribuídas em 118 aldeias organizadas em sete
regiões: Rio Sono, Funil, Pin Xerente, Brupré, Brejo Comprido, Tkawe e
Suprawahâ.
Segundo a superintendente de Gestão de Políticas Públicas
Ambientais da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Marli
Santos, a decisão de realizar cinco oficinas no território teve como objetivo
ampliar a participação dos indígenas no processo de escuta.
Presente na oficina da Aldeia Brupré, Marli avaliou
positivamente a mobilização da comunidade. “Esta é uma das primeiras
iniciativas que o Governo chega à comunidade para ouvi-la de forma efetiva,
buscando entender quais investimentos são necessários para proteger o
território e garantir adaptação diante das mudanças climáticas”, pontuou.
Marli Santos destacou ainda que a comunidade apontou 10
linhas de ação prioritárias para os investimentos do REDD+, entre elas,
fortalecimento das organizações xerente, proteção ao território, fortalecimento
cultural, apoio às atividades produtivas e recuperação do cerrado.
O coordenador regional da Coordenação Araguaia-Tocantins da
Funai, Bolivar Xerente, também participou da abertura das oficinas e reforçou a
importância da participação ativa da comunidade. “É fundamental que vocês
estejam presentes. Estamos aqui para somar forças juntos”, afirmou.
Próxima oficina
Nesta sexta-feira,23, a partir das 15h, inicia-se a Oficina
Participativa com a agricultura familiar, na Chácara São Miguel, em
Guaraí.
Sobre o REDD+
O REDD+ é um mecanismo criado no âmbito da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para apoiar financeiramente
países tropicais na conservação de suas florestas.
No Tocantins, o programa é fundamentado em dois marcos
legais: a Política Estadual sobre Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e
Desenvolvimento Sustentável (Lei nº 1.917/2008) e a Política Estadual de
Pagamento por Serviços Ambientais (PEPSA), instituída pela Lei nº 4.111/2023,
consolidando o compromisso do Estado com a preservação ambiental e o
desenvolvimento sustentável.
Fonte: Fábia Lázaro/Governodo Tocantins